quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Preservação Plena e Verbal das Escrituras


Seca-se a erva, e cai a flor, mas a palavra do nosso Deus subsiste eternamente” (Isaías 40:8)


       Quando lemos Mateus 5:44 na versão Almeida Corrigida Fiel (ou na Almeida Revista e Corrigida), temos: "Eu, porém, vos digo: Amai os vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem". Porém, o mesmo versículo na versão Almeida Revista e Atualizada apenas diz: Eu, porém, vos digo: Amai aos vossos inimigos, e orai pelos que vos perseguem." Quanto à Nova Versão Internacional, lemos: "Mas eu lhes digo: Amem os seus inimigos e orem por aqueles que os perseguem". O que aconteceu a metade do texto bíblico que está em falta? Como é possível que a Palavra de Deus seja alterada? Mas não é apenas neste versículo que notamos isto, mas em muitos outros. Basta conferir, por exemplo, em Actos 9:5, Romanos 8:1, entre muitos outros. Depois, lemos em rodapé nas versões Almeida Actualizada, NVI e outras, a expressão: "Não se encontra nos melhores textos originais".

Qual a responsabilidade dos pastores e líderes em aconselharem a escolha da Bíblia a ser lida, estudade e amada?

Acreditamos, confiamos, que o livro que temos hoje nas nossas mãos é a eterna e pura Palavra de Deus? Sim, este livro é a Palavra de Deus. Porquê? Por dois motivos fundamentais: Foi inspirado plena e verbalmente pelo Espírito de Deus e foi preservado plena e verbalmente pelo Senhor, nosso Deus.
Preservar significa: Manter, cuidar, guardar. É exercer um cuidado vigilante e protector. Foi o que Deus fez com a Sua Palavra desde sempre.
 A Preservação Plena e Verbal das Escrituras sempre foi, é e será uma Doutrina Fundamental da maior relevância e importância para a fé cristã, especialmente nos tempos em que vivemos.  

Algumas Declarações de Fé referem que acreditam o seguinte sobre a Bíblia: "Cremos que a Bíblia é a Palavra de Deus sem erro nos escritos originais." Isto significa o quê quanto à veracidade das inúmeras cópias que foram feitas ao longo dos séculos e nas quais se baseiam as versões bíblicas que dispomos? Só os originais é que não têm erro? Não cremos nós que Deus preservou a Sua Palavra sempre, mesmos as cópias?
Dada a sua grande profundidade e abrangência, este pequeno estudo não pretende, nem pode esgotar tudo o que há a dizer sobre ele e é susceptível de ser melhorado. Procura, sim, ser uma breve abordagem genuína e bíblica dentro dos limites do tempo e do espaço próprios da Conferência dos Fundamentos da Fé – “Batalhar pela Fé”. Serve, também, para incentivar o interesse de cada um em aprofundar ainda mais o estudo da excelente Doutrina da Preservação Plena e Verbal das Escrituras.   
                                              
I. INTRODUÇÃO
O que é a Bíblia? A Bíblia é a eterna Palavra de Deus. A Bíblia é o Livro de Deus, o único Livro de Deus, livro supremo e incomparável que ultrapassa todos os outros livros quanto à autoridade. “Toda a Escritura é divinamente inspirada” (II Timóteo 3:16) é a reivindicação que a Bíblia faz sobre si mesma.   
Como é que a Palavra de Deus permaneceu fiel e atravessou milénios até aos nossos dias?
Porque Deus preservou a Sua Palavra e trouxe as Escrituras em segurança através dos séculos. Deus guiou homens através dos tempos para preservarem e manterem pura a Sua Palavra. Por isso, temos, hoje, sem qualquer dúvida, a pura Palavra de Deus.  
Mas, muito importante, qual das largas dezenas de versões e traduções à disposição dos crentes é a pura Palavra de Deus?  Há dezenas de edições da Bíblia: Almeida Corrigida Fiel, Almeida Revista e Corrigida, Bíblia da Mulher, Bíblia Jovem, Bíblia Shedd, Bíblia Viva, Bíblia Vida Nova, Nova Versão, Actualizada, Linguagem de Hoje, etc.). 
Que factores devem ser tidos em conta na escolha de uma Bíblia?
Na página inicial da Bíblia encontramos a versão. Sob o pretexto de desejarem um português mais actual, muitos têm adquirido as novas Bíblias, sem compreenderem que mais, muito mais está envolvido do que a questão do português moderno. Todo o texto bíblico tem sido afectado! O texto base está substancialmente diferente. Infelizmente, muitíssimos crentes desconhecem isto.  
Os pastores das igrejas de Cristo são os primeiros responsáveis no aconselhamento dos crentes quanto à escolha da Bíblia que devem usar.
No passado, havia apenas uma Bíblia Almeida em português, traduzida pelo pastor protestante João Ferreira de Almeida. Semelhantemente, no mundo de fala inglesa, de 1611 até recentemente havia somente uma Bíblia, a King James Bible (Authorized Version).  
Contudo, recentemente, sobretudo a partir de meados do séc.XX, TOMEM NOTA, só a partir do séc. XX, é que surgiram novas versões das Escrituras, cada uma com a promessa de que está baseada nos melhores originais, ou nos manuscritos mais antigos e na mais recente erudição. Mas isto não é verdade!
Estas novas versões, quando comparadas com as antigas versões, têm muitas mudanças e diferenças. Elas estão a omitir largas centenas de versículos ou a alterar radicalmente muitas passagens das Escrituras. Porquê? A razão básica é porque os editores destas novas versões estão a usar outros textos gregos.  
II. A Origem sobrenatural da Bíblia
            A Bíblia é um fenómeno que só é explicável porque é a Palavra de Deus. Ela não é o tipo de livro que o homem escreveria. É uma colecção de sessenta e seis livros, que foram escritos ao longo de cerca de 1.600 anos, por mais de quarenta autores diferentes, reis, camponeses, pastores, pescadores, médicos, que viveram as suas vidas em diversos lugares. A maioria destes autores não experimentou nenhum contacto entre si. Contudo, a Bíblia é sempre actual e sem contradições.
Para falarmos da Doutrina da Preservação das Escrituras, temos que falar nas Doutrinas da Revelação e da Inspiração das Escrituras. 
III. REVELAÇÃO
O que é? Revelação é o acto divino de comunicar ao homem o que este de maneira nenhuma poderia saber.    
1. Deus revelado e conhecido pela natureza. É uma revelação geral.
2. Deus revelado e conhecido através da encarnação do Filho Unigénito, Jesus Cristo (Hebreus 1:1). É uma revelação especial. A Pessoa de Jesus Cristo é a revelação mais excelente de Deus na história do mundo, porque Jesus é a expressa imagem de Deus (Hebreus 1:3). 
3. Deus revelado e conhecido através das Escrituras. É uma revelação especial.  Deus falou ao homem e a Escritura é esse registo escrito. A Escritura diz em Génesis 1:3: E disse Deus...”. Por toda a Bíblia encontramos que Deus falou e/ou chamou, e a Bíblia regista esta comunicação e revelação especial: Moisés escreveu todas as palavras do Senhor... (Êxodo 24:4).
IV. INSPIRAÇÃO DAS ESCRITURAS 
1. A Bíblia é Inspirada por Deus. O que é a Inspiração? Inspiração é Deus “soprando” e revelando o que quer que o homem escreva. É aquela influência sobrenatural e controladora que o Espírito de Deus manifestou sobre os escritores da Santa Escritura.
            Toda a Escritura é divinamente inspirada... (II Tim.3:16). A palavra grega traduzida por “inspirada” é “theopneustos”, que quer dizer “sopro de Deus”.  Esta é a palavra mais significativa no que respeita à inspiração das Escrituras. Tudo o que foi escrito, a Escritura, não é de origem humana. Tem como origem o “sopro”, o “hálito de Deus”.   
Porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram, inspirados pelo Espírito Santo (II Pedro 1.21).  
2. A Inspiração das Escrituras é Verbal. A Inspiração Verbal é a certeza de que Deus, pela Sua vontade e propósito, inspirou e soprou palavras, não pensamentos. Cada palavra, cada letra é importante porque são inspiradas por Deus para não deixar qualquer dúvida. Deus inspirou de forma exacta cada frase, cada palavra, cada linha, cada sinal, cada traço, cada ponto, cada golpe de pena, cada vírgula.   
  Em Mateus 5:18, Jesus disse que “…nem um jota ou um til se omitirá da lei…”. Por isso, o Senhor quer que nós e que o tradutor da Sua Palavra demos suprema importância a cada letra.  
Está escrito: Nem só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de  Deus (Mateus 4:4).
Deus falou ao homem: “E disse Deus…” (Gén.1:3). Deus mandou escrever as Suas palavras: “Moisés escreveu todas as palavras do  SENHOR” (Êx.24:4).                         
3. A Inspiração das Escrituras é Plena. Deus inspirou a Sua Palavra do princípio ao fim, em todas as suas partes. As genealogias e as descrições detalhadas da construção do templo são tão inspiradas quanto o Sermão do Monte. A entrada de um simples engano derrubaria toda a mensagem: Moisés escreveu todas as palavras do Senhor... (Êxodo 24;4).
4. A Inspiração das Escrituras é Infalível e Inerrante. A tua Palavra é a verdade…” (João 17:17). As Escrituras não contêm absolutamente nenhum erro ou falha, são autênticas: Em esperança da vida eterna, a qual Deus, que não pode mentir, prometeu antes dos tempos dos séculos (Tito 1:2);
 ... e a Escritura não pode ser anulada (João 10:35). 
            O QUE FEZ DEUS COM ESTA PALAVRA INSPIRADA E ESCRITA?
V. PRESERVAÇÃO DAS ESCRITURAS 
Cremos na Inspiração Plena e Verbal das Escrituras e também cremos na Preservação Plena e Verbal das mesmas Escrituras. 
A. A Preservação das Escrituras é Verbal. Na Sua Providência, Deus cumpriu a Sua promessa de preservar plena, infalível e perfeitamente as Suas Palavras, cada uma delas, cada letra: As quais também falamos, não com palavras de sabedoria humana, mas com as que o Espírito Santo ensina… (I Cor.2:13).
Mas a palavra do Senhor permanece para sempre... (I Ped.1:25). 
B. A Preservação das Escrituras é Plena. Na Sua Providência, Deus preservou a Sua Palavra do princípio ao fim, em todas as suas partes, cada palavra, do primeiro ao último livro: Lembrai-vos perpetuamente da sua aliança e da palavra que prescreveu para mil gerações (I Crónicas 16:15); Para sempre, ó Senhor, a tua Palavra permanece no céu (Salmos 118:89);
Vejamos algumas formas de Deus ter preservado as Sagradas Escrituras:
1. Por Escrito - Para garantir e preservar a inspiração divina, a Palavra inspirada foi escrita. A primeira ordem registrada de que se escrevesse é encontrada em Êxodo 17.14, onde o Senhor disse a Moisés: Escreve isto para memória num livro.... Outra vez, em Êxodo 24.4, lemos: Moisés escreveu todas as palavras do Senhor. O apóstolo Paulo escreve: Vede, com que grandes letras vos escrevi, pelo meu punho. (Gálatas 6:11) 
2. Os materiais - Onde foram registadas as antigas Escrituras? Os materiais mais antigos usados foram os papiros, um tipo de junco que crescia nas margens do Rio Nilo e Rio Jordão. Depois de tratados, formavam um tipo de papel. Outro material utilizado era o pergaminho, que era mais durável que o papiro e preservava o texto mais perfeitamente. Era feito de peles de carneiro ou de ovelha. Estas peles eram submetidas a banhos e polimentos para receberem a escrita.
C. A Preservação Cuidadosa do Antigo Testamento.  
1. O Lugar da Preservação Física – O Tabernáculo e o Templo
 Deus deu a RESPONSABILIDADE de preservação do A.T. a Israel, Seu povo escolhido.
Uma vez escritos, os manuscristos originais inspirados, ou autógrafos, foram cuidadosamente preservados. O rolo de Moisés (Moisés escreveu os primeiros cinco livros da Bíblia), foi confiado aos levitas para ser colocado ao lado da arca da aliança no Santo dos Santos: E aconteceu que, acabando Moisés de escrever num livro, todas as palavras desta lei, deu ordem aos levitas, que levavam a arca da aliança do Senhor, dizendo: Tomai este livro da lei, e ponde-o ao lado da arca da aliança do Senhor vosso Deus, para que ali esteja por testemunha contra ti. (Deut.31:24-26).

Mais tarde, Josué e Samuel, depois de escreverem a Palavra que Deus lhes inspirou, fizeram exactamente o mesmo que Moisés (Josué 24:26; I Samuel 10:25). Estes preciosos originais foram transferidos para o Templo quando este substituiu o Tabernáculo. O sacerdote Hilquias refere-se a eles em II Reis 22:8: ...Achei o livro da lei, na casa do Senhor... (II Crón.34:14).

O que isto nos ensina? O facto de as Escrituras estarem colocadas ao lado da arca, no coração do tabernáculo ou do templo, mostra que estavam intimamente associadas com o Senhor Deus, Seu autor, que eram divinamente autorizadas e que foram separadas de todos os livros comuns. Isto dá-nos absoluta confiança sobre a Preservação da Palavra de Deus.

2. Cópias – Com o passar dos anos e dos séculos, com o constante manuseio dos originais e a sua deterioração, e a posterior e crescente demanda pela Palavra de Deus, tornou-se indispensável que se fizessem cópias das Escrituras. Hoje não existem nenhuns originais, mas cópias, de cópias. Foi Deus quem deu ordem para se fazerem as primeiras cópias exactas e fiéis: Então escreveu nas tábuas, conforme à primeira escritura... (Deut.10:4). Este preceito foi rigorosamente seguido no futuro.

            Quem fez as cópias? Podemos confiar nelas?

3. O Trabalho dos Escribas – Pelo propósito e pela Providência de Deus, o trabalho de copiar as Escrituras começou a ser feito pelos escribas de Israel (do hebraico, “sopherim”), homens judeus zelosos, com profunda reverência pela Sagrada Escritura, homens de grande confiança que fizeram cópias excelentes, sem erro, ao longo de gerações: Qual é, logo, a vantagem do judeu?... Muita, em toda a maneira, porque, primeiramente, as palavras de Deus lhe foram confiadas (Rom3:1-2).

a. As Regras para as cópias dão confiança. As regras para as cópias das Escrituras eram muito exigentes e, se não fossem cumpridas, as cópias eram destruídas: Eis algumas regras para as cópias: Nenhuma palavra ou letra podia ser escrita de memória; o escriba tinha que ter uma cópia autêntica à sua frente; um erro numa folha inutilizava-a; três erros numa página condenava todo o manuscrito; cada palavra e cada letra eram contadas e se alguma faltasse, ou se uma letra tocasse noutra letra, ou alguma fosse inserida, o manuscrito era imediatamente destruído.

b. Prova da Confiança nas Cópias – Jesus Cristo. A provar a fidelidade destas cópias das Escrituras temos que quando o Senhor Jesus apareceu em cena, muitas cópias confiáveis estavam à disposição. O Senhor Jesus constantemente apelava para as Sagradas Escrituras do A.T.. Jesus leu directamente delas nas sinagogas (Lucas 4.16); citou-as no Seu ministério público (Mateus 19.3-5; 21.16, 42); e exortou os Seus ouvintes a lerem-nas (João 5.39). Não há dúvida de que Ele considerava as cópias existentes como a verdadeira Palavra de Deus. Jesus podia dizer: “Está escrito” (Mateus 4.4, 7, 10). Deus preservou, cuidou das Escrituras e as cópias eram exactas.

Deus deu as instruções e advertências para preservar as suas Palavras: Não acrescentareis à palavra que vos mando, nem diminuireis dela... (Deut.4:2). A Jeremias mandou: …todas as palavras que te mandei que lhes dissesses; não omitas nenhuma palavra. (Jr.26:2). E estas ordens foram cumpridas rigorosamente. Preservação!

4. O Trabalho dos Massoretas – A partir do séc. VI d.C., foram os Massoretas, escribas judeus, que zelosamente guardaram o texto hebraico e o transmitiram de geração a geração dos anos 500 a 1000 AD.

Quem eram os Massoretas? Os Massoretas eram famílias de estudiosos hebreus, com centros em Tiberíades, Palestina e na Babilónia. Introduziram as vogais na língua hebraica. O Texto Massorético tradicional hebraico tem o seu nome originado nesses estudiosos. Os Massoretas tiveram todo o rigor ao transcreverem e preservarem o Antigo Testamento, pois seguiram as exigentes regras dos escribas. Podemos confiar que o seu trabalho nos trouxe a genuína Palavra de Deus.

D. A Preservação Cuidadosa do Novo Testamento
1. O Lugar da Preservação Física – As igrejas
 À semelhança do Antigo Testamento, em que Israel preservou as Escrituras no Tabernáculo e no Templo, também o Novo Testamento foi preservado. Como e onde?
Deus deu a RESPONSABILIDADE de preservação do N.T. às igrejas fiéis e seus membros. 
Deus é absolutamente verdadeiro e poderoso e, providencialmente preservou de forma absolutamente perfeita, fisicamente, através dos séculos, todas e cada uma das suas palavras.
Deus usa dezenas de vezes a palavra “preservar” nas Escrituras: Jesus respondeu e disse-lhe: Se alguém me ama, guardará a minha palavra (João 14;23). O sentido da palavra “guardar” é “obedecer”, mas quem obedece à Palavra também a protege e preserva. A Grande Comissão de Cristo tem esta ordem: …ensinando-os a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado… (Mat.28:20). Todas as coisas tinham que ser ensinadas e preservadas. Os discípulos de Jesus tinham a Palavra de Deus escrita que tinha que ser transmitida cuidadosamente às gerações seguintes.  
Este encargo foi dado às igrejas locais fiéis e independentes do Estado e do poder político e religioso. Deus preservou a Sua Palavra desde o tempo dos apóstolos através das igrejas locais, não através dos seminários ou de museus.
 A História da Igreja mostra como em cada terra a Escritura era ensinada e preservada nas igrejas fiéis. Os crentes de Bereia de bom grado receberam a palavra, examinando, cada dia, nas Escrituras, se estas coisas eram assim. (Atc.17:11).
Através dos séculos, Deus preservou a sua Palavra nas e pelas igreja fiéis, pois a igreja do Deus vivo é a coluna e firmeza da verdade (I Tim.3:15).
 2. Cópias. Pela necessidade crescente, cópias foram necessárias a partir dos originais. A Palavra de Deus precisava circular e chegar a todo o mundo onde o Senhor estabelecia igrejas: E, quando esta epístola tiver sido lida entre vós, fazei que também o seja na igreja dos laodicenses, e a que veio de Laiodiceia, lede-a vós, também (Col.4:16).    
Outro meio usado por Deus para a preservação da Sua Palavra é o Cânon.
7. O Cânon – Cânon, do grego “kanon”,  significa “regra”. O Cânon é a selecção, a lista autêntica e exacta dos livros inspirados e preservados por Deus. É um acto infalível da mão de Deus.

Antes do ano 100 d.C, todos os 27 livros do Novo Testamento estavam escritos. Deus preservou a Sua Palavra dirigindo a Sua igreja a discernir pelo Espírito Santo os livros que eram inspirados e a rejeitar os escritos falsos que começaram a circular. Foram, assim, reunidos os 27 livros do Novo Testamento considerados inspirados e criado um cânon oficial, aceite por todas as igrejas.
     
O mesmo tinha acontecido com o A.T. tendo sido aceite toda a colecção dos 39 livros foi reconhecida e o Cânon estabelecido.

Com o Cânon completo, a Palavra de Deus estava encerrada, nenhuma palavra foi mais inspirada, nada mais podia ser retirado ou acrescentado às Escrituras. Tal como no A.T. em Det.4:2, na conclusão do N.T., Deus adverte solenemente os homens para não acrescentarem nem retirarem nada da Palavra de Deus: Porque eu testifico, a todo aquele que ouvir as palavras da profecia deste livro, que se alguém lhe acrescentar alguma coisa… e se alguém tirar quaisquer palavras do livro desta profecia, deus tirará a sua parte do livro da vida… (Apoc.22:18-19).

 Por isso, a Bíblia é a colecção das exactas palavras dos 66 livros inspirados por Deus que constituem o seu Cânon. Não temos dúvidas de que Deus preservou a Sua Palavra.

      Mas, era necessário traduzir as Escrituras das línguas originais, hebraico e grego, para a língua dos povos, das pessoas.

8. Traduções – Deus pretende que todas as nações do mundo ouçam a Sua verdadeira Palavra nas suas próprias línguas. Por isso, a Escritura tem que ser traduzida. Esta tradução deve ser acurada e precisa seguindo o método da equivalência formal, e não da equivalência dinâmica. A tradução deve reflectir tanto a forma como o conteúdo dos Originais, sendo o mais lliteral possível, libertando-se da invenção humana.

            As primeiras traduções foram feitas por volta do anos 1500 d.C.. Mas, muitíssimo importante, qual o texto base a usar para as traduções?
  
A. Antigo Testamento - O verdadeiro texto providencialmente preservado como autêntico é o encontrado no Texto Massorético, em hebraico, transcrito pelos Massoretas. Não parece verdadeiro que estes escribas, que viveram apenas algumas centenas de anos depois dos apóstolos, estariam em melhor posição para decidir sobre “os mais antigos e melhores manuscritos” do que os críticos textuais do séc. XIX?

B. Novo Testamento - O Novo Testamento Grego conhecido como Textus Receptus, ou Texto Tradicional é o texto fiel preservado por Deus. Este texto também é conhecido como Texto Majoritário, por estar de acordo com mais de 98% de todos os manuscritos que existem, e Texto Bizantino, porque é o texto representado nos manuscritos de todo o mundo antigo que falava o grego. Estes textos têm permanecido em uso comum por mais de 15 séculos.

9. Traduções em Grego – Em 1516, Desidério Erasmo publicou pela primeira vez o Novo Testamento Grego a partir do Texto Receptus. Outros seguiram os seus passos.

10. Traduções e Versões Noutras Línguas – Todas as versões e traduções dos séculos XVI e XVII basearam-se nestas edições do texto grego, o Texto Recebido.

       Baseadas neste texto grego fundamental, a partir de 1525 são publicadas as versões inglesas, a Reina Valera, em espanhol, a Lutero, em alemão, a Olivetan, em francês, a Diodati, em italiano, a Almeida, em português, traduzida pelo pastor protestante João Ferreira de Almeida. Em 1681 foi traduzido e publicado o Novo Testamento. Em 1694 foi traduzido o Antigo Testamento (já depois da sua morte em 1691). Em 1748 e 1753 foi publicada toda a Bíblia que, depois de revisada e adequada à ortografia e gramática actuais, se tornou na Almeida Corrigida Fiel.

       Mas, eis que surgiram os primeiros problemas.

11. Corrupção pelos Textos Gregos Recentes – No ano de 1844, um editor alemão chamado Constantin Tischendorf, encontrou manuscritos gregos que estavam num caixote de lixo no Convento de Santa Catarina ao pé do Monte Sinai. Estes documentos são conhecidos como “Códice Sinaiticus”. Naqueles anos, este editor também teve acesso a um outro manuscrito grego depositado na Grande Biblioteca do Vaticano, em Roma. Este documento é conhecido como “Códice Vaticanus”.
           
Contudo, brilhantes estudiosos fiéis a Deus e à Sua Palavra analisaram estes manuscritos e não têm dúvidas da sua infidelidade aos verdadeiros originais, reconhecem-lhes erros grosseiros e graves omissões. Muito poucas cópias foram feitas a partir deles porque os antigos escribas duvidaram do seu valor e foram rejeitados como defeituosos. Portanto, não foram usados pela igreja. Não se soube nada deles até ao séc.XIX.

            Infelizmente, em 1881, dois liberais, Westcott e Hort, dois professores anglicanos ingleses, adoptam aqueles manuscritos gregos descobertos recentemente, dizendo ser os melhores textos e editam um Novo Testamento Grego. Elaboraram uma teoria que seduziu e influenciou a pouco e pouco o mundo e as novas gerações. O seu texto grego corrompido tornou-se a base de todas as traduções modernas, designadamente: Nova Versão Internacional; Almeida Revista e Actualizada, Bíblia de Jerusalém, Bíblia Viva, etc.
Mas, durante cerca de 1800 anos, o Novo Testamento não esteve baseado nestes textos recentes. 

            O texto grego baseado nestes dois manuscritos, Sinaiticus e o Vaticanus, não é a Escritura preservada pelo Senhor. Como podemos crer que durante 1800 anos Deus tenha permitido que a Sua Palavra estivesse escondida num Convento e no Vaticano?

O que é o Texto Crítico? Dois homens (B. F. Wescott e F. J. A. Hort) rejeitaram o Texto Recebido – Textus Receptus - e decidiram criar um novo texto Grego, baseado nos aparatos críticos dos manuscritos “Códice Sinaiticus” e “Códice Vaticanus”. Assim, lançaram em 1881 um outro Novo Testamento o que veio a ser chamado Texto Crítico. Daí em diante, a partir do Texto Crítico, surgiram versões modernas do Novo Testamento que omitem vários versículos. O Texto Crítico difere do Texto Receptus  em  mais de 5.000 lugares. Deste modo, concluímos que existe alguma coisa errada com o Texto Crítico.

UM EXEMPLO DA DIFERENÇA ENTRE OS TEXTOS GREGOS BASE:
 - Romanos 8:1
“Portanto, agora, nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o Espírito” – (Tradução baseada no Texto Recebido – Bíblia Almeida Corrigida Fiel)
“Portanto, agora, nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus.” – (Tradução baseada no Texto Crítico – Almeida Revista Actualizada, Nova Versão Internacional)

- João 3:15
“Para que todo aquele que nele crê, não pereça, mas tenha a vida eterna.” – ACF
“Para que todo aquele que nele crê, tenha a vida eterna.” – ARA; NVI;                                   
            A NVI nunca utiliza a palavra “INFERNO” em todo o A.T..

12. A Versão Almeida Corrigida Fiel –
            Cremos que Deus tem preservado plenamente a Palavra que Ele inspirou. O texto grego inspirado e preservado desde sempre por Deus é o Texto Recebido, usado incessantemente desde o primeiro século, traduzido e impresso na Reforma, particularmente a edição de Scrivener de 1894. Quanto ao Antigo Testamento em hebraico, o texto inspirado é o Texto Massorético de Ben Chayn.

 É com base nestes textos fiéis que temos a melhor e a perfeita versão bíblica, a Almeida Corrigida Fiel.  Esta é a Bíblia que devemos usar em português. Paralelamente, na língua inglesa, temos a Versão Autorizada da Bíblia, a King James Version.

E quanto à versão Almeida Revista e Corrigida? Era 100% baseada no Texto Tradicional até a edição de 1894 (para Portugal). A edição de 1898 (para o Brasil) já introduziu cerca de  0,1% da contaminação do Texto Crítico. De 1948 a 1995, a Almeida Revista e Corrigida introduziu cerca de  2% do Texto Crítico. Existe um trabalho feito que permite identificar e corrigir as poucas alterações feitas nesta boa versão.

            Tal como no passado Deus responsabilizou os judeus e as igrejas para preservarem a Sua Palavra, hoje, as igrejas fiéis têm o mesmo dever e responsabilidade.

A Bíblia adverte: Não removas os limites antigos que fizeram teus pais (Prov.22:28). Porque nós não somos, como muitos, falsificadores da palavra de Deus (II Cor. 2:17). Em resultado da revelação, da inspiração e da Preservação das Escrituras por Deus, somos capazes de segurar nas nossas mãos a eterna Palavra do próprio Deus, sem qualquer dúvida: "Porventura não te escrevi eu excelentes coisas, acerca de todo conselho e conhecimento, para fazer-te saber a certeza das palavras da verdade, e assim possas responder palavras de verdade aos que te consultarem? (Provérbios 22:20-21).

            Porque Deus preservou verbal e plenamente a Sua Palavra, podemos dizer com toda a confiança: Assim diz o Senhor.

Rui Simão,
pastor
Conferência "Os Fundamentos da Fé" - Igreja Baptista Esperança Viva - Albufeira - Outubro 2011