sábado, 8 de dezembro de 2012


“Graças a Deus, pois, pelo seu dom inefável”
II Coríntios 9:15


  Numa altura em que o mundo se centra no Natal, certamente é uma boa ocasião para sermos agradecidos. Porquê? Porque celebramos o dom, a dádiva de Deus à Humanidade. Natal pode ser resumido numa só palavra: Emanuel, cujo significado é Deus connosco. Deus encarnou.

Natal, "nascimento".  Poderemos nós celebrar o Natal sem meditar no seu real significado? Sabemos que o Senhor Jesus Cristo não nasceu a 25 de Dezembro. Também não temos qualquer proibição, nem mandamento bíblico sobre celebrar o nascimento de Cristo, nem qualquer exemplo de alguma igreja do Novo Testamento a celebrar o Seu nascimento. Mas, de facto, Jesus Cristo nasceu há cerca de 2000 anos em Belém, cumprindo as profecias e as promessas das Escrituras. Como cristãos, é nosso dever e privilégio testemunharmos, agora ou em qualquer outra altura do ano, do verdadeiro significado da encarnação de Deus Filho,  Jesus Cristo, através da eterna, imutável e verdadeira Palavra de Deus.


         A celebração do nascimento, da vinda do Filho de Deus ao mundo há mais de 2.000 anos tem sido tristemente transformada num truque para o crescimento do comércio, na festa da família e obscurecida pelo Pai Natal com o seu trenó cheio de prendas a entrar pela chaminé. As atenções mundanas centram-se nisto e é isto que é passado às gerações mais novas. Assim, infelizmente:
         - O maravilhoso objectivo do Natal é ignorado;
         - As implicações eternas do nascimento de Jesus são desconhecidas;
         - O profundíssimo mistério da encarnação divina não é compreendido.

           É nosso dever discernirmos a verdadeira natureza do Natal, conhecermos o Dom de Deus, Jesus Cristo, e sermos-Lhe gratos.

I. O Tempo de Deus Gál.4:4-5
Mas, vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou o seu Filho, nascido de mulher…

…vindo a plenitude dos tempos… - Deus tem o Seu tempo, o Seu relógio. A vinda de Cristo, prometida havia séculos, esperada pelo povo de Deus, não foi acidental, mas, sim, por determinação divina. O Messias manifestou-Se, encarnou, no momento exacto estabelecido pelo Pai (ver o v.2b).

O sentido destas palavras é “o momento exacto”. Quando chegou o momento exacto, Deus trouxe a Luz a um mundo em trevas espirituais, Deus inaugurou a dispensação da Sua graça.
Estas palavras chamam a atenção para a importância deste acontecimento.

…Deus enviou o seu Filho… - Esta expressão tem grande lição. Apresenta-nos a divindade e a pré-existência de Cristo nos lugares celestiais. Vê-se que a Sua missão não era terrena. O Filho eterno recebeu uma missão, aceitou-a e encarnou. Deus enviou o seu Filho.

…nascido de mulher… - Depois de se declarar a sua divindade (Cristo é o Filho Unigénito de Deus), temos uma declaração da autêntica humanidade de Jesus. Esta foi a forma escolhida por Deus para Se revelar ao mundo. O Filho encarnou, nasceu de uma mulher. O Criador a nascer por meio da criatura. Fala-nos da Sua humildade e humilhação.

O Filho assumiu a forma humana. João 1:14 esclarece: E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós… Paulo quer falar-nos do profundo mistério da encarnação divina. O Filho de Deus nasceu de uma mulher. Deus entrou no mundo, triunfante, em carne e osso.

Qual o propósito da encarnação? Para remir os que estavam debaixo da lei, a fim de recebermos a adopção de filhos (v.5).
Para remir... O Pai enviou o Filho numa missão importantíssima, universalmente aplicável a todos os homens e a toda a criação. Cristo nasceu para morrer numa cruz para pagar a culpa do pecador condenado.
- ...a fim de recebermos a adopção de filhos. Crisro nasceu para podermos ser filhos adoptivos de Deus.

Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele (Jo 3:17).

II. Gratos pelo Dom Inefável de Deus II Coríntios 9:15
 Na questão de dar, ninguém se equipara a Deus nem ao que Ele fez. O Seu dom maior é impossível de ser descrito por palavras ou pela mente humana.
Um dos pecados mais comuns da nossa era é a ingratidão. E a ingratidão está bem patente no Natal na forma em que é celebrado pelo mundo.

Em Romanos 1:21, Paulo diz que o mundo volta as costas a Deus ignorando o Seu propósito na Encarnação: Porquanto, tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças, antes em seus discursos se desvaneceram e o seu coração insensato se obscureceu.

Natal é tempo de adoração, de louvor e, sobretudo, da mais profunda gratidão a Deus. O mundo não o faz, mas os crentes têm o dever de o fazer.

Paulo começa por dizer aqui o quê? Graças a Deus… Obrigado, porquê?

…pelo seu dom inefável.

Temos que, primeiramente, expressar gratidão pela dádiva do Senhor Jesus Cristo: Porque Deus amou o mundo, de tal maneira, que deu o seu Filho Unigénito… (João 3:16). Temos que agradecer o Seu grande amor para connosco.

Cristo é o dom de Deus. É por causa deste dom que temos todos os demais. É em Cristo que temos a vida e toda a bênção.

Deus permitiu que o Seu Filho Se humilhasse e fosse humilhado, que Se esvaziasse de Deus e Se assumisse como servo sofredor carregando na cruz o pecado de todo o mundo para nos poder resgatar. É por isso que Paulo usa aqui uma palavra única e exclusiva em todo o N.T.: inefável. É um dom inefável.

O dom de Cristo é indescritível, indizível, inexprimível, inexplicável. O facto de Deus ter vindo até ao homem foi a atitude mais incompreensível, mais indescritível que já ocorreu. Deus encarnou, fez-se homem, mas continuou Deus. A profundidade desta verdade é tremenda! Através de Cristo, Deus dá-nos perdão dos pecados, reconciliação.

Paulo diz que é um dom, é a graça de Deus. Deve ser acolhido com fé e gratidão: aquele que nem mesmo a seu próprio Filho, antes o entregou por todos nós, como nos não dará também, com ele, todas as coisas? (Rom.8:32). Poderia existir algum dom melhor do que este?

Quando o Salvador das nossas almas encarnou, houve alguns que reconheceram aquele bebé como o Messias, o Redentor há muito prometido, assim como hoje há pessoas que compreendem o significado sobrenatural do Natal.

Natal só se compreende quando Jesus recebe um lugar prioritário nas nossas vidas: Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus (João 1:12). Para estes, o Natal é uma celebração duradoura de gratidão, enquanto para o mundo, a alegria de uma festa que dura apenas 24 horas.

No Natal, Deus deu o que tinha de melhor: Toda a boa dádiva e todo o dom perfeito vêm do alto, descendo do Pai da luzes… (Tg.1:17).

Natal:
1. NÃO é A festa para alguém que entra por uma chaminé numa festa de 24 horas;
2. É o Dom de Deus, Jesus Cristo, que bate e quer entrar pela porta do nosso coração: Eis que estou à porta, e bato, se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa, e com ele cearei e ele comigo (Ap.3:20).
3. Natal é Deus que encarnou em Cristo no “Seu momento exacto”, na plenitude dos tempos, nascido de mulher, que veio trazer a salvação a todo o que n’Ele crê: para remir…a fim de recebermos a adopção de filhos.
4. Natal é celebração, adoração e expressão da mais profunda gratidão dos filhos de Deus ao Deus-homem: Graças a Deus, pois, pelo seu dom inefável.

Rui Simão
pastor